O Tempo e o Silêncio.
- academiaalhgim
- 21 de out.
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(*) Professor José Pereira da Silva.
O filósofo Blaise Pascal (1623-1662) dizia que toda a infelicidade humana provém de uma única coisa: não saber estar quietos num lugar. Mas não foi apenas a quietude a tornar-se hoje em dia uma virtude fora de moda. Nós próprios nos tornamos uma espécie de doentes do tempo.Parece que temos de viver sete vidas num dia só, ofegantes, ansiosos, desencontrados e meio insones.
Um desenvolvimento sereno do tempo não nos basta. Desde os horários dilatados de trabalho às solicitações para uma comunicação praticamente ininterrupta, entramos um ciclo sôfrego de atenção, atividade e consumo.
Quem nos rouba o tempo. Os primeiros são os interiores, os que nós próprios incorporamos. É claro que há uma quantidade impressionante de ladrões exteriores do tempo. Mas, os ladrões mais devastadores são os que atuam por dentro quando, por exemplo, as nossas próprias prioridades aparecem confusas e flutuantes.
A conquista de um ritmo humano para a vida não acontece de repente, em avança com receitas.
Também aqui estamos perante um caminho de transformação que cada um tem de fazer e nos pede verdade, aprendizagem e renúncia.
A primeira renúncia é a da obsessão pela onipotência. Temos de ter a coragem de perceber e aceitar os limites, pedir ajuda mais vezes, e dizer “basta hoje”. Precisamos aprender a planificar com sabedoria o dia-a-dia e concentrar melhor a nossa entrega.
E ganhar assim tempo para redescobrir aqueles prazeres simples que só a lentidão e o silêncio nos fazem aceder. São tão importantes e belos certos instantes de recolhimento e de pausa em que o nosso olhar ou o nosso passo se desloca sem ser por nada, mera gratuidade que apenas cintila, reacendida.
(*) Professor, Doutor José Pereira da Silva. Acadêmico Fundador e Titular da Cadeira
Perpétua nº XXVII, da Academia de Letras, História e Genealogia da Inconfidência Mineira. Patrono: Frei José Carlos de Jesus Maria do Desterro. Residente na cidade de Taubaté, São Paulo.


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